picaparra

Picaparra

A picaparra é uma ave gruiforme da família Heliornithidae. Também conhecida como cachorrinho-do-rio, patinha-do-igapó (Amazonas) e patinha-d'água (Pará - baixo Amazonas), ipequi ou pássaro-cantil nos países da América Central e norte da América do Sul.

Nome Científico

Seu nome científico significa: do (grego) helios = sol e ornis = pássaro; e do (latim) fulica = galeirão (i.e. branco e preto). ⇒ Pássaro do sol branco e preto.

Características

Mede entre 23 e 33 centímetros de comprimento e pesa entre 120 e 180 gramas.
À primeira vista, parece uma marrequinha. Pequeno, destaca-se a grande listra superciliar branca contra o negro da cabeça e parte dorsal do pescoço, longo e fino. Garganta e restante do pescoço brancos, com uma listra negra lateral. As costas são pardas, com o ventre cinza amarelado. São aves sexualmente dimórficas, o macho e a fêmea têm diferentes características físicas. No macho e aves juvenis, o bico é amarelado com o bordo superior negro, nas fêmeas é avermelhado. A fêmea adulta se diferencia dos indivíduos machos e dos indivíduos jovens por possuir uma bochecha castanho alaranjada, coloração que se acentua no período de reprodução, enquanto que nos indivíduos machos ou jovens a bochecha é branca. O macho apresenta uma característica anatômica única no mundo das aves. Ele tem uma cavidade embaixo de cada asa, onde os filhotes recém-nascidos são carregados durante as primeiras semanas de vida. Pernas e patas amarelas, com anéis negros. As patas indicam sua distância evolutiva das marrecas. Não são palmípedes, tendo membranas natatórias em forma de lobos, separadas, nos dedos, tranfaceadas de preto e amarelo, o que talvez tenha uma função antipredatória, pois repeliria assim o ataque de piranhas e outros peixes carnívoros. Nadam e mergulham muito bem. Ameaçadas essas aves mergulham imediatamente e caem com frequência em redes de pescadores à noite. Apesar de não ser freqüente observado voando, possui asas longas e fortes, capazes de propiciarem deslocamentos extensos.

Subespécies

Espécie monotípica (não são reconhecidas subespécies).

Alimentação

Alimentam-se de insetos aquáticos e suas larvas, besouros, formigas, aranhas, crustáceos, anfíbios, pequenos peixes e sementes. Muitas presas são apanhadas enquanto vêm carregadas pela correnteza.

Reprodução

O período reprodutivo é de dezembro a março. Nesse período, a fêmea possui as laterais da cabeça muito tingidas de canela (característica pouco evidente no macho) e pálpebras vermelhas. Nesse período, o bico fica vermelho vivo. Depois da nidificação, a maioria dessas cores perde-se. Vivem solitários a maior parte do ano, exceto no período de acasalamento. Caladas, somente nessa época o macho emite o canto característico. Escutado em fevereiro no Pantanal, é um grito forte, composto por uma nota grave repetida várias vezes (até 10 repetições), parecida a um anfíbio. O ninho, feito com gravetos e folhas, fica logo acima da água,entre 1 e 2 m, escondido na vegetação do barranco ou arbustos semi submersos. Bota de 2 a 4 ovos. O casal reveza-se no choco, com o macho incumbindo-se durante grande parte do dia e a fêmea à noite. Ambos também cuidam dos filhotes, embora o macho tenha papel mais destacado.
Os filhotes saem dos ovos após 11 dias, um dos menores períodos de incubação entre as aves. Ainda mal formados, nus e com os olhos fechados, ficam abrigados em uma característica anatômica única entre as aves. Nas laterais do corpo do macho, atrás das asas, existe uma depressão côncava coberta por penas. Os filhotes são abrigados nessa área e transportados pelo macho, seja em voo, seja durante seus mergulhos. Terminam seu desenvolvimento nessa proteção, atendidos pelos pais. Quando crescem, ficam nas costas dos pais, mesmo durante os frequentes mergulhos.

Hábitos

Ocorre em rios e lagos tomados por vegetação palustre e capinzais alagados. Procuram nadar próximo da vegetação das margens, logo refugiando-se sob os arbustos e galhos ao primeiro sinal de perigo. São muito rápidos quando afastam-se nadando, costumando deixar o pescoço esticado e próximo da água. Dormem nas galhadas sobre a água e dali mergulham se forem perturbadas. Também durante o dia, caso sintam-se ameaçados, mergulham com enorme facilidade e desaparecem.

Distribuição Geográfica

Ocorre do México até o Uruguai e em praticamente todo o Brasil, apesar de não ser observado com facilidade, devido a seus hábitos. É comum em toda a planície pantaneira. É ave localmente comum em rios da Amazônia.

Referências

Galeria de Fotos

picaparra.txt · Última modificação: 2018/12/15 22:54 (edição externa)