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Crítica | A Médium (2022)

O retorno de Banjong Pisanthanakun para o terror.

por Roberto Honorato
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Ainda lembro da primeira vez que assisti Espíritos: A Morte Está ao seu Lado, e passei dias pensando nos sustos e a reviravolta do filme, o que me fez ter medo, mas ao mesmo tempo interesse na carreira do diretor Banjong Pisanthanakun. Com algumas comédias românticas decentes e tentativas de retornar para o horror com segmentos na antologia O ABC da Morte e os longas Espíritos 2 (curiosamente, essa conexão com o primeiro filme só existe no Brasil, que aproveitou a popularidade dele para tentar criar uma “continuação”) e Pee Mak Phrakanong, não tivemos alguma obra que chamasse tanta atenção do público, então a estreia de A Médium é a chance de Pisanthanakun retornar para o gênero que não explora desde 2013.

Nim (Sawanee Utoomma) é uma médium bastante respeitada do norte da Tailândia, e por isso está dando entrevistas para um documentário sobre possessões demoníacas, espíritos e rituais típicos da região. Quando sua jovem sobrinha, Mink (Narilya Gulmongkolpech), passa a apresentar um comportamento cada vez mais estranho, a médium suspeita que uma entidade maligna possa estar tomando conta do corpo de Mink, mas talvez seja uma ameaça grande demais até para os talentos de Nim.

Lendo essa premissa dá pra sentir que o filme parece ter se inspirado em O Lamento, o terror policial de Na Hong-jin, lançado em 2016. Em alguns aspectos, é bem similar mesmo, tendo até o próprio Hong-jin colaborando com a história, principalmente na ambientação e nas referências simbólicas. Os dois possuem um tom perturbador e inquietante, mas Pisanthanakun procura uma abordagem sem alívios cômicos, mais voltada para um drama familiar e uma construção lenta em volta de um evento iminente (o dia do ritual de Mink), o que contribui para distinguir o filme.

Embora tenha seu diferencial, é difícil encontrar o mesmo charme da narrativa da obra de Hong-jin, e muito disso por conta do formato found footage que A Médium adota. Além de ser um formato batido que precisa de bastante criatividade para ser bem trabalhado, ele é atrelado à diversas limitações narrativas, a mais inconveniente sendo a trama constantemente procurar por razões para algum personagem estar segurando uma câmera em situações que qualquer outra pessoa já teria largado o aparelho e corrido para as montanhas.

Quando chegamos no terceiro ato para presenciar o prometido ritual de expulsão demoníaca, Pisanthanakun tenta todo tipo de recurso para entregar uma conclusão impactante, como fez em Espíritos, mas não demora para o enredo se tornar previsível e toda decisão das personagens e do diretor serem óbvias. Não ajuda o filme ter mais de duas horas de duração, mas poderia ter deixado quase meia hora na ilha de edição, tirando algumas partes da possessão de Mink e segmentos onde assistimos câmeras escondidas pela casa da jovem, mas ao invés de uma progressão natural e bem construída, só há um enredo repetitivo e um potencial desperdiçado.

A Médium começa forte, com ambientação que representa visualmente uma Tailândia cheia de identidade, e uma direção de segmentos bem elaborados, na maior parte, principalmente o trabalho com elementos escondidos nas sombras, mas depois da proposta inicial estabelecida e algumas cenas de possessão bem feitas, chega um ponto em que o filme não parece ter mais novidades para apresentar e fica estagnado até o fim, com pequenas reviravoltas aqui e ali, mas nada surpreendente. Para quem gosta desse tipo de longa, seja Atividade Paranormal ou algo como O Chamado mesmo, pode encontrar bons sustos aqui, atuações competentes e uma atmosfera desconfortável muito bem construída, mas não espere muita originalidade nos outros departamentos.

A Médium (The Medium) – Tailândia, Coreia do Sul, 2022
Direção: Banjong Pisanthanakun
Roteiro: Banjong Pisanthanakun, Chantavit Dhanasevi, baseado na história de Na Hong-jin
Elenco: Narilya Gulmongkolpech, Sawanee Utoomma, Sirani Yankittikan, Yasaka Chaisorn, Boonsong Nakphoo, Arunee Wattana, Thanutphon Boonsang, Pakapol Srirongmuang, Akkaradech Rattanawong
Duração: 130 min.

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